O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO
Cap. 8 Bem Aventurados Os Puros de Coração
JOÃO - O
Evangelista, Paris, 1863
18 – Disse o
Cristo: “Deixai vir a mim os pequeninos”. Essas palavras, tão profundas na sua
simplicidade, não fazem apenas um apelo às crianças, mas também às almas que
gravitam nos círculos inferiores, onde a desgraça desconhece a esperança. Jesus
chamava a si a infância intelectual da criatura formada: os fracos, os
escravos, os viciosos. Ele nada podia ensinar à infância física, presa na
matéria, sujeita ao jugo dos instintos, e ainda não integrada na ordem superior
da razão e da vontade, que se exercem em torno dela e em seu benefício. Jesus
queria que os homens se entregassem a ele com a confiança desses pequenos seres
de passos vacilantes, cujo apelo lhe conquistaria o coração das mulheres, que
são todas mães. Assim, ele submetia as almas à sua terna e misteriosa
autoridade. Ele foi à flama que espancou as trevas, o clarim matinal que tocou
a alvorada. Foi o iniciador do Espiritismo, que deve, por sua vez, chamar a si,
não as crianças, mas os homens de boa-vontade. A ação viril está iniciada; não
se trata mais de crer instintivamente e obedecer de maneira mecânica: é
necessário que o homem siga as leis inteligentes, que lhe revela a sua
universalidade.
Meus
bem-amados, eis chegados os tempos em que os erros explicados se transformarão
em verdades. Nós vos ensinaremos o verdadeiro sentido das parábolas. Nós vos
mostraremos a correlação poderosa, que liga o que foi ao que é. Eu vos digo, em
verdade: a manifestação espírita se eleva no horizonte, e eis aqui o seu
enviado, que vai resplandecer como o sol sobre o cume dos montes.
UM ESPÍRITO
PROTETOR
Bordeaux,
1863
19 – Deixar
vir a mim os pequeninos, pois tenho o alimento que fortifica os fracos. Deixai
vir a mim os tímidos e os débeis, que necessitam de amparo e consolo. Deixai
vir a mim os ignorantes, para que eu os ilumine. Deixai vir a mim todos os
sofredores, a multidão dos aflitos e dos infelizes, e eu lhes darei o grande
remédio para os males da vida, revelando-lhes o segredo da cura de suas
feridas. Qual é, meus amigos, esse bálsamo poderoso, de tamanha virtude, que se
aplica a todas as chagas do coração e as curas? É o amor, é a caridade! Se
tiverdes esse fogo divino, o que havereis de temer? A todos os instantes de
vossa vida direis: “Meu Pai, que se faça a tua vontade e não a minha! Se te
apraz experimentar-me pela dor e pelas tribulações, bendito seja! Porque é para
o meu bem, eu o sei, que a tua mão pesa sobre mim. Se te agrada, Senhor,
apiedar-te de tua frágil criatura, dar-lhe ao coração as alegrias puras,
bendito seja também! Mas faze que o amor divino não se amorteça na sua alma, e
que incessantemente suba aos teus pés a sua prece de gratidão”.
Se tiverdes
amor, tendes tudo o que mais se pode desejar na Terra, pois tereis a pérola
sublime, que nem as mais diversas circunstâncias, nem os malefícios dos que vos
odeiam e perseguem, poderão jamais arrebatar. Se tiverdes amor, tereis colocado
os vossos tesouros aonde nem a traça nem a ferrugem os devoram, e vereis
desaparecer insensivelmente da vossa alma tudo o que lhe possa manchar a
pureza. Dia a dia sentireis que o fardo da matéria se torna mais leve. E, como
um pássaro que voa nos ares e não se lembra da terra, subireis incessantemente,
subireis sempre, até que a vossa alma, inebriada, se impregne da verdadeira
vida, no seio do Senhor!
Fonte da imagem: Internet Google.
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