O
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Cap. 4 –
Ninguém Pode Ver o Reino de Deus, Se Não Nascer de Novo
SÃO
LUIS - Paris
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– A encarnação é uma punição, e somente os Espíritos culpados é que lhe estão
sujeitos?
A
passagem dos Espíritos pela vida corpórea é necessária, para que eles possam
realizar, com a ajuda do elemento material, os propósitos cuja execução Deus
lhes confiou. É ainda necessária por eles mesmos, pois a atividade que então se
vêem obrigados a desempenhar ajuda-os a desenvolver a inteligência. Deus, sendo
soberanamente justo, deve aquinhoar equitativamente a todos os seus filhos. É
por isso que Ele concede a todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as
mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de ação. Todo privilégio seria
uma preferência, e toda preferência uma injustiça. Mas a encarnação, para todos
os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe,
no princípio da existência, como primeira prova do uso que farão do seu livre
arbítrio. Os que executam essa tarefa com zelo, sobem rapidamente, e de maneira
menos penosa, os primeiros degraus da iniciação, e gozam mais cedo o resultado
do seu trabalho.
Os
que, ao contrário, fazem mau uso da liberdade que Deus lhes concede, retardam o
seu progresso. E é assim que por sua obstinação, podem prolongar
indefinidamente a necessidade de se reencarnarem. E é então que a encarnação se
torna um castigo.
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– Observação – Uma comparação vulgar nos fará melhor compreender esta diferença.
O estudante não atinge os graus superiores, sem ter percorrido a série de
classes que o levam até lá.
Essas
classes, por mais trabalho que exijam, são o meio de atingir o fim, e não uma
punição. O estudante laborioso abrevia a caminhada, encontrando menos
dificuldades. Acontece o contrário com aquele que a negligência e a preguiça
obrigam a repetir certas classes. Não é, porém, o estudo que constitui uma
punição, mas a obrigação de recomeçá-lo em cada classe.
É
o que se passa com o homem na Terra. Para o Espírito do selvagem, que está
quase no começo da vida espiritual, a encarnação é um meio de desenvolver a
inteligência. Mas, para o homem esclarecido, em que o senso moral está
largamente desenvolvido, e que se vê obrigado a repetir as etapas de uma vida
corporal cheia de angústias, enquanto já podia ter atingido o fim, é um
castigo, pela necessidade em que se acha de prolongar a sua permanência nos
mundos inferiores e infelizes. Aquele que, ao contrário, trabalha ativamente
para o seu progresso moral, pode não somente abreviar a duração de sua
encarnação material, mas franquear de uma vez os graus intermediários, que o
distanciam dos mundos superiores.
Os
Espíritos não poderiam encarnar-se uma só vez num mesmo globo, e passar suas
diferentes existências em diferentes esferas?
Esta
opinião seria admissível, se todos os homens estivessem na Terra, exatamente no
mesmo nível intelectual e moral. As diferenças existentes entre eles, desde o
selvagem até o homem civilizado, revelam os graus que têm de percorrer. A
encanação, aliás, deve ter uma finalidade útil. Ora, qual seria a finalidade
das encarnações efêmeras, das crianças que morrem em tenra idade?
Teriam
sofrido sem qualquer proveito, nem para elas nem para os outros? Deus, cujas
leis são todas soberanamente sábias, nada faz de inútil. Pelas reencarnações no
mesmo globo, quis que os mesmos Espíritos se pusessem de novo em contato, tendo
assim ocasião de reparar as suas faltas recíprocas. E tendo em conta as suas
relações anteriores, quis, ainda, fundar em uma base espiritual os laços de
família, apoiando numa lei natural os princípios de solidariedade, fraternidade
e igualdade.
Fonte
da imagem: Internet Google.
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