O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO
Cap. 17 - SEDE PERFEITOS
Quem
quer que seja depositário de autoridade, seja qual for a sua extensão, desde a
do senhor sobre o seu servo, até a do soberano sobre o seu povo, não deve
olvidar que tem almas a seu cargo; que responderá pela boa ou má diretriz que
dê aos seus subordinados e que sobre ele recairão as faltas que estes cometam,
os vícios a que sejam arrastados em conseqüência dessa diretriz ou dos maus
exemplos, do mesmo modo que colherá os frutos da solicitude que empregar para
os conduzir ao bem.
Todo
homem tem na Terra uma missão, grande ou pequena; qualquer que ela seja, sempre
lhe é dada para o bem; falseá-la em seu princípio é, pois, falir ao seu
desempenho.
Assim
como pergunta ao rico: "Que fizeste da riqueza que nas tuas mãos devera
ser um manancial a espalhar a fecundidade ao teu derredor", também Deus
inquirirá daquele que disponha de alguma autoridade: "Que uso fizeste
dessa autoridade? Que males evitaste? Que progresso facultaste? Se te dei
subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade, nem
instrumentos dóceis aos teus caprichos ou à tua cupidez; fiz-te forte e
confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir ao
meu seio".
O
superior, que se ache compenetrado das palavras do Cristo, a nenhum despreza
dos que lhe estejam submetidos, porque sabe que as distinções sociais não
prevalecem às vistas de Deus. Ensina-lhe o Espiritismo que, se eles hoje lhe
obedecem, talvez já lhe tenham dado ordens, ou poderão dar-lhas mais tarde, e
que ele então será tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia
autoridade.
Mas,
se o superior tem deveres a cumprir, o inferior, de seu lado, também os tem e
não menos sagrados. Se for espírita, sua consciência ainda mais imperiosamente
lhe dirá que não pode considerar-se dispensado de cumpri-los, nem mesmo quando
o seu chefe deixe de dar cumprimento aos que lhe correm, porquanto sabe muito
bem não ser lícito retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não
justificam as de outrem.
Se
a sua posição lhe acarreta sofrimentos, reconhecerá que sem dúvida os mereceu,
porque, provavelmente, abusou outrora da autoridade que tinha, cabendo-lhe,
portanto, experimentar a seu turno o que fizera sofressem os outros.
Se
se vê forçado a suportar essa posição, por não encontrar outra melhor, o
Espiritismo lhe ensina a resignar-se, como constituindo isso uma prova para a
sua humildade, necessária ao seu adiantamento.
Sua
crença lhe orienta a conduta e o induz a proceder como quereria que seus
subordinados procedessem para com ele, caso fosse o chefe. Por isso mesmo, mais
escrupuloso se mostra no cumprimento de suas obrigações, pois compreende que
toda negligência no trabalho que lhe está determinado redunda em prejuízo para
aquele que o remunera e a quem deve ele o seu tempo e os seus esforços. Numa
palavra: solicita-o o sentimento do dever, oriundo da sua fé, e a certeza de
que todo afastamento do caminho reto implica uma dívida que, cedo ou tarde,
terá de pagar.
François-Nicolas-Madeleine,
Cardeal Morlot. (Paris, 1863.)
Fonte da Imagem:
Internet Google.
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