O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO
Cap. 16 - SERVIR A DEUS
E A MAMON
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– A desigualdade das riquezas é um dos problemas que em vão se procuram
resolver, quando se considera apenas a vida atual. A primeira questão que se
apresenta é a seguinte. Por que todos os homens não são igualmente ricos? Por
uma razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e
laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. Aliás, é
uma questão matematicamente demonstrada que, supondo-se feita essa repartição,
o equilíbrio seria rompido em pouco tempo, em virtude da diversidade de
caracteres e aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente
o necessário para viver, isso equivaleria ao aniquilamento de todos os grandes
trabalhos que concorrem para o progresso e o bem estar da humanidade; que,
portanto, supondo-se que ela desse a cada um o necessário, desapareceria o
estímulo que impulsiona as grandes descobertas e os empreendimentos úteis.
Se
Deus a concentra em alguns lugares, é para que dos mesmos ela se expanda, em
quantidades suficientes, segundo as necessidades.
Admitindo-se
isto, pergunta-se por que Deus a concede a pessoas incapazes de fazê-la
frutificar para o bem de todos. Essa é ainda uma prova da sabedoria e da
bondade de Deus. Ao dar ao homem o livre arbítrio, quis que ele chegasse, pela
sua própria experiência, a discernir o bem e o mal, de maneira que a prática do
bem fosse o resultado dos seus esforços, da sua própria vontade. Ele não deve
ser fatalmente levado a um nem ao outro, pois então seria um instrumento
passivo e irresponsável como os animais.
A
fortuna é um meio de prová-lo moralmente; mas como, ao mesmo tempo, é um
poderoso meio de ação para o progresso, Deus não quer que permaneça
improdutiva, e é por isso que incessantemente a transfere.
Cada
qual deve possuí-la, para exercitar-se no seu uso e provar a maneira por que o
sabe fazer. Como há a impossibilidade material de que todos a possuam ao mesmo
tempo, e como, se todos a possuíssem, ninguém trabalharia, e o melhoramento do
globo sofreria com isso: cada qual a possui por sua vez. Dessa maneira, o que
hoje não a tem, já a teve no passado ou a terá no futuro, numa outra
existência, e o que hoje a possui poderá não tê-la mais amanhã.
Há
ricos e pobres porque, Deus sendo justo, cada qual deve trabalhar por sua vez.
A
pobreza é para uns a prova da paciência e da resignação; a riqueza é para
outros a prova da caridade e da abnegação.
Lamenta-se,
com razão, o triste uso que algumas pessoas fazem da sua fortuna, as ignóbeis
paixões que a cobiça desperta, e pergunta-se se Deus é justo, ao dar a riqueza
a tais pessoas.
É
claro que, se o homem só tivesse uma existência, nada justificaria semelhante
repartição dos bens terrenos; mas, se em lugar de limitar sua vida ao presente,
considerar-se o conjunto das existências, vê-se que tudo se equilibra com
justiça. O pobre não tem, portanto, motivo para acusar a Providência Divina,
nem para invejar os ricos, e estes não o têm para se vangloriarem do que
possuem. Se, por outro lado, estes abusam da fortuna, não será através de
decretos, nem de leis suntuárias, que se poderá remediar o mal. As leis podem
modificar momentaneamente o exterior, mas não podem modificar o coração: eis
porque têm um efeito temporário e provocam sempre uma reação mais desenfreada.
A
fonte do mal está no egoísmo e no orgulho. Os abusos de toda espécie cessarão
por si mesmos, quando os homens se dirigem pela lei da caridade.
Fonte da imagem:
Internet Google.
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