O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO
Cap. 13 – Que a Mão
Esquerda Não Saiba o Que Faz a Direita
5
– E estando Jesus assentado defronte donde era o gazofilácio, observava ele de
que modo deitava o povo ali o dinheiro; e muitos, que eram ricos, deitavam com
mão larga. E tendo chegado uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, que
importavam um real. E convocando seus discípulos, lhes disse: Na verdade vos
digo, que mais deitou esta pobre viúva do que todos os outros que deitaram no
gazofilácio. Porque todos os outros deitaram do que tinham na sua abundância;
porém esta deitou da sua mesma indulgência tudo o que tinha, e tudo o que lhe
restava para seu sustento. (Marcos, XII: 41-44 – Lucas, XXI: 1-4).
6
– Muita gente lamenta não poder fazer todo o bem que desejaria, por falta de
recursos, e se querem a fortuna, dizem, é para bem aplicá-la. A intenção é
louvável, sem dúvida, e pode ser muito sincera de parte de alguns; mas o seria
de parte de todos, assim completamente desinteressados? Não haverá os que,
inteiramente empenhados em beneficiar os outros, se sentirão bem de começar por
si mesmos, concedendo-se mais algumas satisfações, um pouco mais do supérfluo
que ora não têm, para dar aos pobres apenas, o resto? Este pensamento oculto,
talvez dissimulado, mas que encontrariam no fundo do coração, se o sondassem,
anula o mérito da intenção, pois a verdadeira caridade faz antes pensar nos
outros que em si mesmo.
O
sublime da caridade, nesse caso, seria procurar cada qual no seu próprio trabalho,
pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de sua capacidade, os
recursos que lhe faltam para realizar suas intenções generosas. Nisso estaria o
sacrifício mais agradável ao Senhor.
Mas,
infelizmente, a maioria sonha com meios fáceis de se enriquecer, de um golpe e
sem sacrifícios, correndo atrás de quimeras, como a descoberta de tesouros, uma
oportunidade favorável, o recebimento de heranças inesperadas, e assim por
diante. Que dizer dos que esperam encontrar, para os secundar nessas buscas, auxiliares
entre os Espíritos? É evidente que eles nem conhecem nem compreendem o sagrado
objetivo do Espírito, e menos ainda a missão dos Espíritos, aos quais Deus
permite comunicarem-se com os homens. Mas justamente por isso, são punidos
pelas decepções. (Livro dos Médiuns, nº 294 e 295).
Aqueles
cuja intenção é desprovida de qualquer interesse pessoal, deve consolar-se de
sua impotência para fazer o bem que desejariam, lembrando que o óbolo do pobre,
que o tira da sua própria privação, pesa mais na balança de Deus que o ouro do
rico, que dá sem privar-se de nada. Seria grande a satisfação, sem dúvida, de
poder socorrer largamente a indigência; mas, se isso é impossível, é necessário
submeter-se a fazer o que se pode. Aliás, não é somente com o ouro que se podem
enxugar as lágrimas, e não devemos ficar inativos por não o possuirmos. Aquele
que deseja sinceramente tornar-se útil para os seus irmãos, encontra mil
ocasiões de fazê-lo.
Que
as procure e as encontrará. Se não for de uma maneira, será de outra, pois não
há uma só pessoa, no livre gozo de suas faculdades, que não possa prestar algum
serviço, dar uma consolação, amenizar um sofrimento físico ou moral, tomar uma
providência útil. Na falta de dinheiro, não dispõe cada qual do seu esforço, do
seu tempo, do seu repouso, para oferecer um pouco aos outros? Isso também é a
esmola do pobre, o óbolo da viúva.
Fonte da imagem:
Internet Google.
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