O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Cap. 28 - COLETANIA DE PRECES ESPIRITAS
50.
Bem-aventurados os famintos de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados
os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Ditosos
sereis, quando os homens vos carregarem de maldições, vos perseguirem e
falsamente disserem contra vós toda espécie de mal, por minha causa. -
Rejubilai-vos, então, porque grande recompensa vos está reservada nos céus,
pois assim perseguiram eles os profetas enviados antes de vós. (S. MATEUS, cap.
V, vv. 6 e 10 a 12.)
Não temais
os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma; temei, antes, aquele que
pode perder alma e corpo no inferno. (S. MATEUS, cap. X, v. 28.)
51. PREFÁCIO.
De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de
consciência. Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar
para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de
Jesus: a caridade e o amor do próximo. Perseguir os outros, por motivos de suas
crenças, é atentar contra o mais sagrado direito que tem todo homem, o de crer
no que lhe convém e de adorar a Deus como o entenda.
Constrangê-los
a atos exteriores Semelhantes aos nossos é mostrarmos que damos mais valor à
forma do que ao fundo, mais às aparências, do que à convicção. Nunca a
abjuração forçada deu a quem quer que fosse a fé; apenas pode fazer hipócritas.
E um abuso da força material, que não prova a verdade.
A verdade é
senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.
O
Espiritismo é uma opinião, uma crença; fosse (1) até uma religião, por que se
não teria a liberdade de se dizer espírita, como se tem a de se dizer católico,
protestante, ou judeu, adepto de tal ou qual doutrina filosófica, de tal ou
qual sistema econômico? Essa crença é falsa, ou é verdadeira, se é falsa, cairá
por si mesma, visto que o erro não pode prevalecer contra a verdade, quando se
faz luz nas inteligências. Se é verdadeira, não haverá perseguição que a torne
falsa.
(1) Ver
"Reformador" de 1946, pág. 253; "Revue Spirite", de
dezembro de 1868; "Allan Kardec", de Zêus Wantuil e Francisco
Thiesen, vol. III, pág. 100. Nota da Editora da FEB.
A
perseguição é o batismo de toda ideia nova, grande e justa e cresce com a
magnitude e a importância da ideia. O furor e o desabrimento dos seus inimigos
são proporcionais ao temor que ela lhes inspira. Tal a razão por que o
Cristianismo foi perseguido outrora e por que o Espiritismo o é hoje, com a diferença,
todavia, de que aquele o foi pelos pagãos, enquanto o segundo o é por cristãos.
Passou o
tempo das perseguições sangrentas. É exato; contudo, se já não matam o corpo,
torturam a alma, atacam-na até nos seus mais íntimos sentimentos, nas suas mais
caras afeições. Lança-se a desunião nas famílias, excita-se a mãe contra a
filha, a mulher contra o marido; investe-se mesmo contra o corpo, agravando-se
lhe as necessidades materiais, tirando-se lhe o ganha-pão, para reduzir pela
fome o crente. (Cap. XXIII, nº 9 e seguintes).
Espíritas,
não vos aflijais com os golpes que vos desfiram, pois eles provam que estais
com a verdade. Se assim não fosse, deixar-vos-iam tranquilos e não vos
procurariam ferir. Constitui uma prova para a vossa fé, porquanto é pela vossa
coragem, pela vossa resignação e pela vossa paciência que Deus vos reconhecerá
entre os seus servidores fiéis, a cuja contagem ele hoje procede, para dar a
cada um a parte que lhe toca, segundo suas obras.
A exemplo
dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na palavra do
Cristo, que disse: "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da
justiça, que deles é o reino dos céus. Não temais os que matam o corpo, mas que
não podem matar a alma." Ele também disse: "Amai os vossos inimigos,
fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos que vos perseguem. Mostrai que
sois seus verdadeiros discípulos e que a vossa doutrina é boa, fazendo o que
ele disse e fez.
A
perseguição pouco durará. Aguardai com paciência o romper da aurora, pois que
já rutila no horizonte a estrela d'alva. (Cap. XXIV, nº 13 e seguintes).
52. Prece. - Senhor, tu nos disseste
pela boca de Jesus, o teu Messias: "Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por amor da justiça; perdoai aos vossos inimigos; orai pelos que
vos persigam." E ele próprio nos deu o exemplo, orando pelos seus algozes.
Seguindo esse
exemplo, meu Deus, imploramos a tua misericórdia para os que desprezam os teus
sacratíssimos preceitos, únicos capazes de facultar a paz neste mundo e no
outro. Como o Cristo, também nós te dizemos: "Perdoa-lhes, Pai, que eles
não sabem o que fazem."
Dá-nos
forças para suportar com paciência e resignação, como provas para a nossa fé e
a nossa humildade, seus escárnios, injúrias, calúnias e perseguições;
isenta-nos de toda ideia de represálias, visto que para todos soará a hora da
tua justiça, hora que esperamos submissos à tua vontade santa.
Assim seja.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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