O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Cap. 28 - COLETANIA DE PRECES ESPIRITAS
40.
PREFÁCIO. A fé no futuro, a orientação do pensamento, durante a vida, para os
destinos vindouros, favorecem e aceleram o desligamento do Espírito, por
enfraquecerem os laços que o prendem ao corpo, tanto que, frequentemente, a
vida corpórea ainda se não extinguiu de todo, e a alma, impaciente, já alçou o
voo para a imensidade.
Ao
contrário, no homem que concentra nas coisas materiais todos os seus cuidados,
aqueles laços são mais tenazes, penosa e dolorosa é a separação e cheio de
perturbação e ansiedade o despertar no além-túmulo.
41. Prece. - Meu Deus: creio em ti e na tua
bondade infinita e, por isso mesmo, não posso crer hajas dado ao homem a
inteligência, que lhe faculta conhecer-te, e a aspiração pelo futuro, para o
mergulhares no nada.
Creio que o
meu corpo é apenas o envoltório perecível de minha alma e que, quando eu tenha
deixado de viver, acordarei no mundo dos Espíritos.
Deus
Todo-Poderoso; sinto se rompem os laços que me prendem a alma ao corpo e que
dentro em pouco irei prestar contas do uso que fiz da vida que me foge.
Vou
experimentar as consequências do bem e do mal que pratiquei.
Lá não
haverá ilusões, nem subterfúgios possíveis. Diante de mim vai desenrolar-se
todo o meu passado e serei julgado segundo as minhas obras.
Nada levarei
dos bens da Terra. Honras, riquezas, satisfações da vaidade e do orgulho, tudo,
enfim, que é peculiar ao corpo permanecerá neste mundo. Nem a mais mínima
parcela de todas essas coisas me acompanhará, nem me será de utilidade alguma
no mundo dos Espíritos.
Apenas
levarei comigo o que pertence à alma, isto é, as boas e as más qualidades, para
serem pesadas na balança da mais rigorosa justiça. E tanto maior severidade
haverá no meu julgamento, quanto maior número de ocasiões para fazer o bem, que
não fiz, me tenha proporcionado a posição que ocupei na Terra. (Cap. XVI, n°
9.)
Deus de
misericórdia, que o meu arrependimento te chegue aos pés!
Digna-te de
lançar sobre mim o manto da tua indulgência.
Se te
aprouver prolongar a minha existência, seja esse prolongamento empregado em
reparar, tanto quanto em mim esteja, o mal que eu tenha praticado. Se soou, sem
dilação possível, a minha hora, levo comigo o consolador pensamento de que me
será permitido redimir-me, por meio de novas provas, a fim de merecer um dia a
felicidade dos eleitos.
Se não me
for dado gozar imediatamente dessa felicidade sem mescla, partilha tão-só do
justo por excelência, sei que me não é defesa para sempre a esperança e que,
pelo trabalho, alcançarei o fim, mais tarde ou mais cedo, conforme os meus
esforços.
Sei que
próximos de mim, para me receberem, estão Espíritos bons e o meu anjo de
guarda, aos quais dentro em pouco verei, como eles me veem.
Sei que, se
o tiver merecido, encontrarei de novo aqueles a quem amei na Terra e que
aqueles que aqui deixo irão juntar-se a mim, que um dia estaremos todos
reunidos para sempre e que, enquanto esse dia não chegar, poderei vir
visitá-los.
Sei também
que vou encontrar aqueles a quem ofendi. Possam eles perdoar-me o que tenham a
reprochar-me: o meu orgulho, a minha dureza, minhas injustiças, a fim de que a
presença deles não me acabrunhe de vergonha!
Perdoo aos
que me tenham feito ou querido fazer mal; nenhum rancor contra eles alimento e
peço-te, meu Deus, que lhes perdoes.
Senhor,
dá-me forças para deixar sem pena os prazeres grosseiros deste mundo, que nada
são em confronto com as alegrias sãs e puras do mundo em que vou penetrar e
onde, para o justo, não há mais tormentos, nem sofrimentos, nem misérias, onde
somente o culpado sofre, mas tendo a confortá-lo a esperança.
A vós, bons
Espíritos, e a ti, meu anjo guardião, suplico que me não deixeis falir neste
momento supremo. Fazei que a luz divina brilhe aos meus olhos, a fim de que a
minha fé se reanime, se vier a abalar-se.
Assim seja.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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