O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO
Cap. 18 - MUITOS OS
CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS
16.
"Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus,
mas somente aqueles que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus."
Escutai
essa palavra do Mestre, todos vós que repelis a Doutrina Espírita como obra do
demônio. Abri os ouvidos, que é chegado o momento de ouvir.
Será
bastante trazer a libré do Senhor, para ser-se fiel servidor seu? Bastará
dizer: "Sou cristão", para que alguém seja um seguidor do Cristo?
Procurai os verdadeiros cristãos e os reconhecereis pelas suas obras. "Uma
árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má pode dar frutos
bons." - "Toda árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada ao
fogo." São do Mestre essas palavras. Discípulos do Cristo, compreendei-as
bem! Que frutos deve dar a árvore do Cristianismo, árvore possante, cujos ramos
frondosos cobrem com sua sombra uma parte do mundo, mas que ainda não abrigam
todos os que se hão de grupar em torno dela? Os da árvore da vida são frutos de
vida, de esperança e de fé.
O
Cristianismo, qual o fizeram há muitos séculos, continua a pregar essas
virtudes divinas; esforça-se por espalhar seus frutos, mas quão poucos os
colhem! A árvore é boa sempre, porém maus são os jardineiros. Entenderam de
moldá-la pelas suas idéias; de talhá-la de acordo com as suas necessidades;
cortaram-na, diminuíram-na, mutilaram-na; tomados estéreis, seus ramos não dão
maus frutos, porque nenhuns mais produzem. O viajor sedento, que se detém sob
seus galhos à procura do fruto da esperança, capaz de lhe restabelecer a força
e a coragem, somente vê uma ramaria árida, prenunciando tempestade. Em vão pede
ele o fruto de vida à árvore da vida; caem-lhe secas as folhas; tanto as
remexeu a mão do homem, que as crestou.
Abri,
pois, os ouvidos e os corações, meus bem-amados! Cultivai essa árvore da vida,
cujos frutos dão a vida eterna. Aquele que a plantou vos concita a tratá-la com
amor, que ainda a vereis dar com abundância seus frutos divinos. Conservai-a
tal como o Cristo vo-la entregou: não a mutileis; ela quer estender a sua
sombra imensa sobre o Universo: não lhe corteis os galhos. Seus frutos
benfazejos caem abundantes para alimentar o viajor faminto que deseja chegar ao
termo da jornada; não amontoeis esses frutos, para os armazenar e deixar
apodrecer, a fim de que a ninguém sirvam. "Muitos são os chamados e poucos
os escolhidos." É que há açambarcadores do pão da vida, como os há do pão
material. Não sejais do número deles; a árvore que dá bons frutos tem que os
dar para todos. Ide, pois, procurar os que estão famintos; levai-os para
debaixo da fronde da árvore e partilhai com eles do abrigo que ela oferece. -
"Não se colhem uvas nos espinheiros." Meus irmãos, afastai-vos dos
que vos chamam para vos apresentar as sarças do caminho, segui os que vos
conduzem à sombra da árvore da vida.
O
divino Salvador, o justo por excelência, disse, e suas palavras não passarão:
"Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus;
entrarão somente os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus."
Que
o Senhor de bênçãos vos abençoe; que o Deus de luz vos ilumine; que a árvore da
vida vos ofereça abundantemente seus frutos! Crede e orai.
Simeão.
(Bordéus, 1863.)
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