Cap. 25 - BUSCAI E
ACHAREIS
9. Não vos afadigueis
por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos. - Não
prepareis saco para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem cajados,
porquanto aquele que trabalha merece sustento.
10. Ao entrardes em
qualquer cidade ou aldeia, procurai saber quem é digno de vos hospedar e ficai
na sua casa até que partais de novo.
-Entrando na casa,
saudai-a assim: Que a paz seja nesta casa. Se a casa for digna disso, a vossa
paz virá sobre ela; se não o for, a vossa paz voltará para vós.
Quando alguém não vos
queira receber, nem escutar, sacudi, ao sairdes dessa casa ou cidade, a poeira
dos vossos pés. - Digo-vos, em verdade: no dia do juízo, Sodoma e Gomorra serão
tratadas menos rigorosamente do que essa cidade. (S. MATEUS, cap. X, vv. 9 a
15.)
11. Naquela época,
nada tinham de estranhável essas palavras que Jesus dirigiu a seus apóstolos,
quando os mandou, pela primeira vez, anunciar a boa-nova. Estavam de acordo com
os costumes patriarcais do Oriente, onde o viajor encontrava sempre acolhida na
tenda. Mas, então, os viajantes eram raros.
Entre os povos
modernos, o desenvolvimento da circulação houve de criar costumes novos. Os dos
tempos antigos somente se conservam em países longínquos, onde ainda não
penetrou o grande movimento. Se Jesus voltasse hoje, já não poderia dizer a
seus apóstolos: “Ponde-vos a caminho sem provisões”.
A par do sentido
próprio, essas palavras guardam um sentido moral muito profundo. Proferindo-as,
ensinava Jesus a seus discípulos que confiassem na Providência. Ao demais,
eles, nada tendo, não despertariam a cobiça nos que os recebessem.
Era um meio de
distinguirem dos egoístas os caridosos. Por isso foi que lhes disse:
"Procurai saber quem é digno de vos hospedar" ou: quem é bastante
humano para agasalhar o viajante que não tem com que pagar, porquanto esses são
dignos de escutar as vossas palavras; pela caridade deles é que os
reconhecereis.
Quanto aos que não os
quisessem receber, nem ouvir, recomendou ele porventura aos apóstolos que os
amaldiçoassem, que se lhes impusessem, que usassem de violência e de
constrangimento para os converterem?
Não; mandou, pura e
simplesmente, que se fossem embora, à procura de pessoas de boa vontade.
O mesmo diz hoje o
Espiritismo a seus adeptos: não violenteis nenhuma consciência; a ninguém
forceis para que deixe a sua crença, a fim de adotar a vossa; não anatematizeis
os que não pensem como vós; acolhei os que venham ter convosco e deixai tranquilos
os que vos repelem.
Lembrai-vos das
palavras do Cristo: Outrora, o céu era tomado com violência; hoje o é pela
brandura. (Cap. IV, nº 10 e 11.)
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