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quinta-feira, 15 de março de 2018

59 A Caridade Material e a Caridade Moral


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 13 – Que a Mão Esquerda Não Saiba o Que Faz a Direita

Irmã Rosália - Paris, 1860

9 – “Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos que nos fosse feito”. Toda a religião, toda a moral, se encerram nestes dois preceitos. Se eles fossem seguidos no mundo, todos seriam perfeitos. Não haveria ódios, nem ressentimentos. Direi mais ainda: não haveria pobreza, porque, do supérfluo da mesa de cada rico, quantos pobres seriam alimentados! E assim não mais se veriam, nos bairros sombrios em que vivi na minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças necessitadas de tudo.

Ricos! Pensai um pouco em tudo isso. Ajudai o mais possível aos infelizes; daí, para que Deus vos retribua um dia o bem que houverdes feito: para encontrardes, ao sair de vosso invólucro terrestre, um cortejo de Espíritos reconhecidos, que vos receberão no limitar de um mundo mais feliz.

Se pudésseis saber a alegria que provei, ao encontrar no além aqueles a quem beneficiei, na minha última vida terrena!

Amai, pois, ao vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que o desgraçado que repelis talvez seja um irmão, um pai, um amigo que afastais para longe. E então, qual não será o vosso desespero, ao reconhecê-lo depois no Mundo dos Espíritos!

Quero que compreendais bem o que deve ser a caridade moral, que todos podem praticar, que materialmente nada custa, e que não obstante é a mais difícil de se por em prática.

A caridade moral consiste em vos suportardes uns aos outros, o que menos fazeis nesse mundo inferior, em que estais momentaneamente encarnados. Há um grande mérito, acreditai, em saber calar para que outro mais tolo possa falar: isso é também uma forma de caridade.

Saber fazer-se de surdo, quando uma palavra irônica escapa de uma boca habituada a caçoar; não ver o sorriso desdenhoso com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se julgam superiores a vós, quando na vida espírita, a única verdadeira, está às vezes muito abaixo: eis um merecimento que não é de humildade, mas de caridade, pois não se incomodar com as faltas alheias é caridade moral.

Essa caridade, entretanto, não deve impedir que se pratique a outra.

Pelo contrário: pensai, sobretudo, que não deveis desprezar o vosso semelhante; lembrai-vos de tudo o que vos tenho dito; é necessário lembrar, incessantemente, que o pobre repelido talvez seja um Espírito que vos foi caro, e que momentaneamente se encontra numa posição inferior à vossa. Reencontrei um dos pobres do vosso mundo a quem pude, por felicidade, beneficiar algumas vezes, e ao qual tenho agora de pedir, por minha vez.

Recordai-vos de que Jesus disse que somos todos irmãos, e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo.

Adeus! Pensai naqueles que sofrem, e orai.


UM ESPÍRITO PROTETOR - Lyon, 1860

10 – Meus amigos, tenho ouvido muitos de vós dizerem: Como posso fazer a caridade, se quase sempre não tenho sequer o necessário?

A caridade, meus amigos, se faz de muitas maneiras. Podeis fazê-la em pensamento, em palavras e em ações. Em pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem terem sequer vivido; uma prece de coração os alivia. Em palavras: dirigindo aos vossos companheiros alguns bons conselhos. Dizei aos homens amargurados pelo desespero e pelas privações, que blasfemam do nome do Altíssimo: “Eu era como vos; eu sofria, sentia-me infeliz, mas acreditei no Espiritismo e, vede agora sou feliz!” Aos anciãos que vos disseram: “É inútil; estou no fim da vida; morrerei como vivi”, respondei: “A justiça de Deus é igual para todos; lembrai-vos dos trabalhadores da última hora!” Às crianças que, já viciadas pelas más companhias, perdem-se nos caminhos do mundo, prestes a sucumbir às suas tentações, dizei: “Deus vos vê, meus caros pequenos!”, e não temais repetir freqüentemente essas doces palavras, que acabarão por germinar nas suas jovens inteligências, e em lugar de pequenos vagabundos, fareis delas verdadeiros homens. Essa é também uma forma de caridade.

Muitos de vós dizeis ainda: “Oh! somos tão numerosos na terra, que Deus não pode ver-nos a todos!” Escutai bem isso, meus amigos: quando estais no alto de uma montanha, vosso olhar não abarca os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: Deus vos vê da mesma maneira; e Ele vos deixa o vosso livre arbítrio, como também deixais esses grãos de areia ao sabor do vento que os dispersa. Com a diferença que Deus, na sua infinita misericórdia, pôs no fundo do vosso coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência.

Ouvi-a, que ela vos dará bons conselhos. Por vezes, conseguis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal, e então ela se cala. Mas ficai seguros de que a pobre relegada se fará ouvir, tão logo a deixardes perceber a sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a, e freqüentemente sereis consolados pelos seus conselhos.

Meus amigos, a cada novo regimento o general entrega uma bandeira. Eu vos dou esta máxima do Cristo: “Amai-vos uns aos outros”. Praticai essa máxima: reuni-vos todos em torno dessa bandeira, e dela recebereis a felicidade e a consolação.
Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 1 de março de 2018

58 Fazer O Bem Sem Ostentação


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 13 – Que a Mão Esquerda Não Saiba o Que Faz a Direita

1 – Guardai-vos, não façais as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis a recompensa da mão de vosso Pai, que está nos Céus. Quando, pois, dás a esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como praticam os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem honrados dos homens; em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas quando dás a esmola, não saiba a tua esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola fique escondida, e teu Pai, que vê o que fazes em segredo, te pagará. (Mateus, VI: 1-4).

2 – E depois que Jesus desceu do monte, foi muita a gente do povo que o seguiu. E eis que, vindo um leproso, o adorava dizendo: Se tu queres, Senhor, bem me podes limpar. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o dizendo: Pois eu quero; fica limpo. E logo ficou limpa toda a sua lepra. Então lhe disse Jesus: Vê, não o digas a alguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e faze a oferta que ordenou Moisés, para lhes servir de testemunho a eles. (Mateus, VIII: 1-4).

3 – Fazer o bem sem ostentação tem grande mérito. Esconder a mão que dá é ainda mais meritório, é o sinal incontestável de uma grande superioridade moral. Porque, para ver as coisas de mais alto que o vulgo, é necessário fazer abstração da vida presente e identificar-se com a vida futura. É necessário, numa palavra, colocar-se acima da humanidade, para renunciar à satisfação do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus. Aquele que preza mais a aprovação dos homens que a de Deus, prova que tem mais fé nos homens que em Deus, e que a vida presente é para ele mais do que a vida futura, ou até mesmo que não crê na vida futura. Se ele diz o contrário, age, entretanto, como se não acreditasse no que diz.

Quantos há que só fazem um benefício com a esperança de que o beneficiado o proclame sobre os telhados; que darão uma grande soma à luz do dia, mas escondido não dariam sequer uma moeda! Foi por isso que Jesus disse: “Os que fazem o bem com ostentação já receberam a sua recompensa”. Com efeito, aquele que busca a sua glorificação na Terra, pelo bem que faz, já se pagou a si mesmo. Deus não lhe deve nada; só lhe resta a receber a punição do seu orgulho.

Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita é uma figura que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se existe a modéstia real, também existe a falsa modéstia, o simulacro da modéstia, pois há pessoas que escondem a mão, tendo o cuidado de deixar perceber que o fazem. Indigna paródia das máximas do Cristo! Se os benfeitores orgulhosos são depreciados pelos homens, que não lhes acontecerá perante Deus? Eles também já receberam as suas recompensas na Terra. Foram vistos; estão satisfeitos de terem sido vistos; é tudo quanto terão.

Qual será então a recompensa do que faz pesar os seus benefícios sobre o beneficiado, que lhe exige de qualquer maneira testemunhos de reconhecimento, que lhe faz sentir a sua posição ao exaltar o preço dos sacrifícios que suportou por ele? Oh!, para esse, não há nem mesmo a recompensa terrena, porque está privado da doce satisfação de ouvir bendizerem o seu nome, o que é um primeiro castigo para o seu orgulho. As lágrimas que estanca, em proveito da sua vaidade, em lugar de subirem ao céu, recaem sobre o coração do aflito para ulcerá-lo. O bem que faz não lhe aproveita, desde que o censura, porque todo benefício exprobrado é moeda alterada que perdeu o valor.

O benefício sem ostentação tem duplo mérito: além da caridade material, constitui caridade moral, pois contorna a suscetibilidade do beneficiado, fazendo-o aceitar o obséquio sem lhe ferir o amor próprio e salvaguardando a sua dignidade humana, pois há quem aceite um serviço, mas recuse a esmola. Converter um serviço em esmola, pela maneira por que é prestado, é humilhar o que o recebe, e há sempre orgulho e maldade em humilhar a alguém.

A verdadeira caridade, ao contrário, é delicada e habilidosa para dissimular o benefício e evitar até as menores possibilidades de melindre, porque todo choque moral aumenta o sofrimento provocado pela necessidade. Ela sabe encontrar palavras doces e afáveis, que põe o beneficiado à vontade diante do benfeitor, enquanto a caridade orgulhosa o humilha. O sublime da verdadeira generosidade está em saber o benfeitor inverter os papéis, encontrando um meio de parecer ele mesmo agradecido àquele a quem presta o serviço. Eis o que querem dizer estas palavras: Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita.
Fonte da imagem: Internet Google.